fevereiro 19, 2009

Aquário Biótopo 2 - Rio do Gabão

Neste post venho mostar um dos aquários biótopo que ainda mantenho actualmente.

Trata-se de um aquário de 70 L onde pretendi recriar um habitat da África Ocidental. Este tipo de biótopo é muito pouco recriado em aquariofilia, muito provavelmente devido à pouca disponibilidade de plantas e animais nas lojas de animais comuns. Para obter uma boa diversidade biológica é necessário fazer importações de criadores estrangeiros, o que muitas vezes eleva o orçamento do aquário. Contudo, surgem cada vez mais lojas especializadas que compram animais a criadores alemães aumentando assim a disponibilidade de espécies.

Ao contrário do biótopo amazónico, onde a variedade de paisagens submersas é muito elevada, dando liberdade ao aquarista para moldar a montagem a seu gosto, os rios da África Ocidental possuem de um modo geral o mesmo tipo de paisagem - margens com elevada densidade de raízes e troncos com maior abertura à medida que a profundidade aumenta.

Na imagem podemos ver a elevada densidade de vegetação nas margens do rio, que se entende para a parte submersa

Deste modo, para recriar este biótopo em aquários pequenos, onde apenas se podem manter espécie de pequeno porte, será necessária uma grande quantidade de troncos para que os peixes se sintam realmente seguros e evidenciem os seus comportamentos naturais.

Deixo algumas fotos de como ficou o aquário, alguns meses após a montagem.



E depois de uma remodelação, ao fim de 6 meses.



Fauna: 1 casal de Kribensis (Pelvicachromis pulcher) - que mais tarde se reproduziram
Barbus bariloides
Aphyosemion australe
Epiplatys dageti

Flora: Anubias barteri
Anubias barteri var. nana
Anubias barteri var. nana "petite"
Anubias barteri "coffeefolia"
Anubias minima
Bolbitis heudelotii
Pistia stratioides
Valisneria spiralis

Mais um link para o planeamento de biótopos: natureaquarium.it

fevereiro 15, 2009

Terrários - parte I

No hobby de manutenção de anfíbios, a palavra terrário é utilizada de modo abrangente, e pode designar 3 tipos de montagens diferentes:

O terrário (propriamente dito): montagem composta por uma zona terrestre em que as plantas podem estar plantadas no solo ou suspensas verticalmente em estruturas como troncos, paredes, rochas. Pode conter pequenas partes aquáticas em recipientes de pequena profundidade, geralmente utilizadas por anfíbios para se hidratarem. Este tipo de montagem é muito utilizado na construção de arranjos decorativos onde são mantidas exclusivamente plantas.

O aqua-terrário: esta montagem é composta por uma parte aquática e uma parte terrestre em que a água e o substrato não entram em contacto directo. Nela podem manter-se simultaneamente espécies terrestres e aquáticas, sendo possível misturar anfíbios e peixes. Este tipo de setup envolve uma montagem mais elaborada, visto que é necessário garantir que a água está completamente isolada do substrato terrestre (como se verá noutro capítulo).

O paludário: esta montagem é composta por uma parte aquática predominante, sendo a parte emersa composta essencialmente por plantas anfíbias e estruturas como troncos e rochas que emergem da água.


É importante decidir ponderadamente o tipo de montagem que se deseja visto que irá restringir o leque de espécies que se podem manter, tanto de plantas como de animais.

Nos próximos capítulos irei dar indicações de construção para estes 3 tipos de setup, bem como informações de plantas e animais que se podem manter.

Deixo algumas fotos de um aqua-terrário que mantive o ano passado, onde misturei anfíbios arborícolas, ciclídeos anões e camarões de água doce.





fevereiro 06, 2009

Aquário Biótopo I - Amazónia

Neste post venho mostrar o meu primeiro aquário biótopo. Já há bastantes anos que pretendia manter Microgeophagus ramirezi, um pequeno ciclídeo americano que tinha a reputação de exigir cuidados minuciosos ao aquariofilista.

Como a minha experiência em aquariofilia com controle da química da água já excedia os 2 anos, decidi montar um aquário que recriasse as condições de vida selvagem deste pequeno peixe.
Umas pesquisas por diversos motores de busca deram-me informações sobre as espécies que habitavam na zona geográfica dos Ramirezis, levando-me a optar por
(fauna)
Paracheirodon innesi
Corydoras paleatus
Ottocinclus affinis
Pomacea bridgesii
(flora)

Echinodorus "Ozelot"
Echinodorus bleheri
Sagittaria subulata
Vesicularia ferriei

Ficam umas fotos do resultado final


Acabado de montar


Alguns habitantes

Com duas semanas de vida

Com cerca de 2 meses de vida. Com as plantas bem estabelecidas e as condições equilibradas o crescimento é notável



Montagem de aquários - Parte I

Existem muitas maneiras de montar um aquário e todas dependem das espécies que queremos manter.
Desta forma, quando pensamos em montar um aquário, devemos sempre planear previamente o que queremos fazer dele, isto é, se queremos um aquário cujo ponto de interesse sejam os peixes ou, pelo contrário, as plantas.

A meu ver, existem essencialmente 4 tipos de aquários:

  1. Aquário comunitário: provavelmente este é o tipo de aquário mais comum, onde são mantidos peixes e plantas provenientes de diferentes zonas geográficas em condições que satisfaçam todas as espécies de um modo geral.
  2. Aquário biótopo: neste tipo de aquário pretende-se recriar um habitat natural de um grupo de peixes e plantas, quer em condições de água quer em aspecto. Geralmente, um aquário biótopo requer mais preparação que outros tipo de aquário, pois é necessário determinar as espécies de fauna e florfa que existem no habitat que queremos recriar, as condições de água que necessitam, e a sua compatibilidade.
  3. Aquário de espécie: geralmente indicado para fauna, este tipo de aquário destina-se a albergar apenas uma espécie de peixe o invertebrado, onde as condições da vida selvagem são recriadas. Este tipo de aquário é muitas vezes utilizado em espécies wild caught que se pretendem reproduzir em cativeiro
  4. Aquário plantado: os aquário plantados ganharam relevância nas últimas duas décadas, muito devido aos trabalhos de Takashi Amano, que introduziu o estilo Nature na aquariofilia. Utilizando esta técnica, são muitas vezes recriadas paisagens terrestres variadas, desde planícies verdejantes a escarpas montanhosas. www.takashiamano.kit.net

Depois de escolher a fauna e a flora que se pretende manter, é necessário escolher as dimensões do tanque. Essas dimensões poderão limitar o número e variedade de peixes e plantas que se podem manter, sendo necessário estabelecer um compromisso entre o que se quer manter e o orçamento disponível. De um modo geral, tanques em que a profundidade e altura são metade do valor do comprimento, dão origem a resultados mais apelativos do ponto de vista estético. Isso deve-se ao facto de se disponibilizarem mais camadas de plantação, o que confere maior "profundidade" ao aquário, como veremos num próximo capítulo.
É importante referir que quanto maior o aquário, menor será a dificuldade de manutenção, pois é necessário muito mais tempo para que as condições de equilíbrio sejam perturbadas. Por outro lado, a montagem e processo de ciclização de aquários grandes aumentam com o seu tamanho.

Depois de escolhido o plano do aquário que se deseja montar, segue-se a escolha do equipamento (próximo capítulo)

fevereiro 04, 2009

Anfíbios

Os anfíbios são animais de sangue-frio cujo ciclo de vida é composto por uma fase inicial aquática, seguida de uma fase terrestre que tem origem com uma metamorfose. São exemplos disso as rãs, os sapos, as salamandras...




Estes animais ocupam os mais variados nichos ecológicos e são actualmente considerados como indicadores ambientais. Com efeito, de entre todos os grupos de seres vivos, os anfíbios são largamente os mais afectados pelas alterações climáticas e poluição, admitindo-se que mais de metade de todas as espécies esteja actualmente em vias de extinção. Isto deve-se ao facto de estes animais dependerem da terra e da água para compeltar o seu ciclo de vida, bastando o distúrbio de um deles para serem afectados. Para além disso, a sua pele fina que lhes permite viver nos dois meios, é muito permeável a poluentes.



Uma das principais ameaças a este grupo de animais é o fungo chytridiomycota, disseminado globalmente por carregamentos de exemplares da espécie Xenopus laevis, muito comum em lojas de aquariofilia. A introdução deste fungo em ecossistemas pode levar à eliminação de toda a população de anfíbios e actualmente não se conhecem meios para a sua erradicação.

Existem diversos programas para a preservação da diversidade biológica de anfíbios, sendo provavelmente a "Amphibian Ark" o mais conhecido. Esta organização é composta por diferentes grupos especializados em anfíbios e preservação da vida animal. São desenvolvidos diversos programas para a reprodução em cativeiro de espécies ameaçadas que envolvem inúmeros jardins zoológicos de todo o mundo, onde as espécies são mantidas até que a sua sobrevivência no meio selvagem seja assegurada.

A nível particular, a manutenção das espécies comerciais e a tentativa da sua reprodução nos nossos terrários poderão trazer novas informações estas iniciantivas. Para além disso existem programas de voluntariado nos quais pessoas mais experientes neste hobby podem participar.

Deixo alguns links com informações relevantes

www.mongabay.com
www.amphibianark.org
www.saveafrog.com
http://talkto.thefrog.org/index.php?action=vthread&forum=3&topic=14868



fevereiro 03, 2009

Florestas tropicais

O principal foco deste blog é a recriação de habitats naturais em casa, esperando que a sua manutenção estimule o interesse e preocupação pela biodiversidade da Terra em geral, e das florestas tropicais em particular.

As florestas tropicais ocupam uma área significativa da faixa equatorial do nosso planeta e são os principais focos de biodiversidade. Com efeito, estima-se que 75% de todas as espécies que habitam a Terra, sejam oriúndas das florestas tropicais, sendo possível encontrar lá actualmente, mais de metade das espécies de plantas e animais que existem. Para além disso são responsáveis pela produção de mais de 25% do oxigénio mundial e representam a principal fonte de produtos naturais com aplicações farmacêuticas.


Actualmente estes ecossistemas estão ameaçados pelo Homem, quer devido à intensa desflorestação provocada pela expansão de área urbana e agrícola, quer pelo efeito indirecto do aquecimento global que perturba o seu equilíbrio. Como resultado, diversas espécies já foram levadas à extinção e muitas outras têm a sua permanência neste mundo ameaçada. Acredita-se que nos próximos 50 anos, mais de 25% de todas as espécies de animais e plantas seja extreminada.

É cada vez mais importante a preservação destes ecossistemas, e é com pequenos gestos que isso se pode alcançar.

Apresentação

Com este blogue pretendo sensibilizá-lo para o problema actual da extinção massiva de espécies, em particular os peixes e anfíbios que habitam as florestas tropicais.
Para isso vou mostrar uma série de montagens que tentam recriar alguns desses habitats tropicais, bem como alguns dos seus habitantes, na esperança de aumentar o interesse por esta prática.
Vou também compilar informações e dar dicas sobre diversas espécies de plantas e animais e a sua manutenção e criação em cativeiro.

Caso haja interesse em possuir um destes pedaços de natureza em casa (e não só) mas a disponibilidade não permita a sua montagem, aceito encomendas para o meu e-mail

joaoavo1@gmail.com